Problemas climáticos no hemisfério norte devem limitar a oferta de milho no ciclo 2022/23 e abrir oportunidade para o milho brasileiro.
Conforme a safra de milho se desenvolve nos EUA, as notícias de campo alimentam expectativas de produtividade abaixo do esperado para safra em função das altas temperaturas e chuvas abaixo da normalidade em parte do Corn Belt. Com apenas 57% das lavouras em boas ou excelentes condições em 22/08 – 4ª pior situação deste século para essa data, a produção do cereal deve passar por ajustes ainda mais relevantes.
O cenário se alinha com reduções da oferta na Europa Ocidental, diante das fortes ondas de calor nos últimos meses, e da diminuição da produção no Leste Europeu em função dos conflitos entre Ucrânia e Rússia. No último levantamento, a estimativa do USDA para produção da União Europeia em 2022/23 foi reduzida de 68 MM t para 60 MM t.
Se não bastasse, as condições de produtividade na China – 2º maior produtor global do cereal, passam a ser colocadas em xeque, o que limitaria ainda mais a oferta global em 2022 e 2023. Na estimativa mais pessimista, espera-se que a oferta global do cereal possa ser quase 50 MM t menores em relação à estimativa base e 90 MM t em relação ao ciclo passado.
Para o Brasil, os desafios de abastecimento global de milho se colocam como oportunidades já no curto prazo, tendo potencial de elevar ainda mais as exportações nacionais. Frente a menor disponibilidade milho mundo afora e à safra cheia de inverno no Brasil, a Céleres® estima que os embarques do ciclo 2021/22 (março/22 – fevereiro/23) em 43 milhões de toneladas, mais do que o dobro do ciclo anterior. Não se descarta a possibilidade de embarques brasileiros para China mesmo que em volumes limitados, se a frustração da produção naquele país continuar.
Nas trilhas das análises anteriores, a expectativa de menor oferta global para o próximo ciclo reforça a tese de cotações neutras ou maiores para os preços internacionais do milho no decorrer do segundo semestre de 2022, mesmo com a instabilidade do lado financeiro internacional e com a sazonalidade de colheita no EUA em meados de setembro e outubro.