Redução da pegada de carbono une necessidade e oportunidade.
Em um mercado em constante mudança, com pressões cada vez maiores pelo fim das emissões de gases de efeito estufa por parte das atividades econômicas, a agricultura de baixo carbono deixa de ser uma utopia e torna-se oportunidade frente ao potencial mercado de carbono, que promete remunerar o produtor pelos serviços ambientais prestados. Para tanto, o produtor deve estar atento à pegada de carbono da sua atividade, ou seja, quantificar as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) que ocorrem ao longo do ciclo de vida de seu produto ou serviço, da produção até a chegada ao porto de destino.
No caso do milho, as fontes de emissões de GEE mais relevantes se concentram no downstream da cadeia produtiva, sobretudo no uso inadequado de fertilizantes nitrogenados, bem como na queima de combustíveis fósseis, presentes em todo o elo até a exportação. Por outro lado, medidas já bem difundidas entre os produtores brasileiros promovem a redução das emissões, bem como a fixação ou o sequestro de carbono no solo, como o plantio direto, a rotação de cultura, a integração de lavoura-pecuária, a utilização de cultivares que reduzem aplicações de fertilizantes e defensivos, entre outras medidas também previstas no Plano ABC.
Com o avanço das discussões na COP-26, realizada em Glasgow em novembro passado, a expectativa é que o mercado de carbono, que ainda não é regulado no Brasil, ganhe novos rumos, sobretudo na sua dinâmica internacional e nos modelos de precificação de carbono. Nesse sentido, os acordos internacionais firmados pelo Brasil, como o Acordo de Paris e suas derivações, e as demandas do mercado internacional, indicam que o produtor de milho brasileiro deve integrar referidas medidas em seu planejamento com vistas a manter-se competitivo e garantir sua participação no potencial mercado de carbono, que deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos.